Artigo de opinião publicado no “Diário de Notícias” 28 junho 2023
Desde há muitos anos os especialistas em Saúde Pública, tanto em Portugal como a nível mundial, chamam a atenção para a necessidade em preservar os antibióticos e clamam pela adoção de medidas para evitar o desastre, que se avizinha, devido à crescente propagação da resistência das bactérias. Um imenso desafio para a Humanidade.
Hoje, aqui, procurar-se-á resumir a história da descoberta dos antibióticos e dos problemas que, pouco depois, foram identificados com a sua utilização.
O novo tempo teve início em 1928 com as pesquisas do cientista Alexandre Fleming.
Fleming nascera na Escócia, em 1881, e viria a concluir Medicina na Universidade de Londres aos 25 anos de idade. Serviu na I Guerra Mundial nas frentes em França, como médico militar, onde presenciou a elevada mortalidade devida à falta de tratamento para as infeções adquiridas pelos soldados feridos durante os combates. Na altura, estava bem longe de pensar que seria ele mesmo a descobrir o primeiro antibiótico.
Mas, assim aconteceu. Um dia, em Londres, ao regressar ao seu laboratório do Hospital de St Mary, observou, acidentalmente, que os bolores que espontaneamente tinham crescido na placa onde ele, dias antes, tinha cultivado bactérias de tipo estafilococos, impediam o desenvolvimento das mesmas bactérias ao seu redor. Logo deduziu que nos bolores estaria uma substância com propriedades que eliminavam as colónias bacterianas. Assim foi. Trabalhou muito desde então. Comparou culturas. Fez ensaios. Investigou essas propriedades bactericidas. Como os bolores eram fungos da espécie Penicillium notatum designou essa substância com o nome de PENICILINA. No ano seguinte, em 1929, publicou os seus estudos com os resultados da ação antibacteriana do líquido obtido a partir dos bolores do género Penicillium.
Entretanto, a substância isolada por Fleming foi purificada e sintetizada por especialistas em bioquímica na perspetiva da sua utilização como medicamento antibiótico. Passaram 10 anos até ao início da produção industrial de Penicilina nos Estados Unidos da América. Um sucesso a partir de 1941.
Em 1945, Fleming recebeu o Prémio Nobel da Medicina, juntamente com o farmacêutico australiano Howard Florey e com o bioquímico alemão Ernest Boris Chain que conduziram o processo de preparação da penicilina destinada a ser utilizada como o primeiro antibiótico. A Penicilina, antibiótico natural, passou a ser produzida a nível mundial como Benzilpenicilina (Fleming não patenteou a sua descoberta). Como o ácido clorídrico do estômago inativa a Penicilina, inicialmente, era apenas administrada através de injeções endovenosas ou intramusculares. A seguir, os cientistas das grandes empresas farmacêuticas conseguiram preparar derivados da Penicilina para prolongar a sua ação e alargar o espetro. Foi, igualmente, possível preparar a sua administração por via oral.
Sir Alexandre Fleming é justamente considerado uma das 100 mais importantes personalidades do Século XX. Viria a morrer em 1955. Antes, porém, ainda assistiu ao aparecimento de bactérias que resistiam à sua Penicilina.
Moral:
É difícil conceber a vida sem antibióticos. Imaginem-se doenças sem terapêutica: sífilis, gonorreia, escarlatina, amigdalite, glomerulonefrite, endocardite, pneumonia, difteria, meningite bacteriana…
É obrigatório tudo fazer para evitar andar para trás!